sexta-feira, 29 de maio de 2009

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Muito bom! UDESC sempre na frente!

sábado, 4 de abril de 2009

“Entreaberto”

Por Iriana Vezzani
Arquitetura é um espaço geométrico, construído de sólidos e vigas bem encaixadas onde a linha reta predomina. Este trabalho tem o objetivo de transcender esta geometria pela percepção, estabelecendo uma ligação entre o real e o irreal. Fazer uma fusão dos contrários, não obedecendo à dialética elementar do conteúdo e do continente.
Ao cobrir um roteiro nos rodapés das salas do MAC, com espelho estarei expandindo, para além das superfícies estabelecidas geometricamente, o espaço interior determinado e o espaço exterior. Ao refletir infinitamente o chão, pelos espelhos, o espaço interior cresce e se projeta para o exterior. Esta mudança na percepção do espaço real é uma operação mental. O espelho gera uma imagem que confunde a superfície-limite. Esta experiência do expectador coloca uma súbita dúvida sobre a certeza do interior e sobre a nitidez do exterior. O espelho cria um espaço equívoco, sem pátria geométrica.
Com esta instalação tenho a intenção de destacar a força metafísica da imagem, que tem a capacidade de perturbar e reduzir as noções de espacialidade do espectador sobre a arquitetura exasperando a fronteira do interior e do exterior.
Mesmo sendo instalada em apenas 15 cm, já aceitos por todos, previamente, como o “rodapé da instituição”, um espelho neste pequeno espaço, na base do campo visual, abrirá um espaço ilimitado.
Ao espelhar o rodapé ele passa a categoria de objeto e imediatamente somos impedidos de definir sua forma, seus detalhes, pois o que se verá será um complexo de informações visuais, um desdobramento inquietante dado pelo retorno da imagem refletida, provocando uma espécie de abertura, pois o mesmo espelho que nos afasta nos convida a fazer parte da composição da imagem/obra. Este trabalho condena a imagem a permanecer na base do espaço, numa zona de tensão e ambigüidade.
A instalação, ao perturbar a percepção real do espectador criará novas passagens, entradas e saídas. Nesta geometria flutuante será possível vivenciar a vertigem de espaço entreaberto, possibilidades de fuga e vazamentos, criando novas relações com o espaço expositivo. Quando trabalho no rodapé, com a imagem espelhada do próprio espaço expositivo, trabalho com uma realidade alterada somada a uma cena do real, na qual os limites entre o real e o virtual são confrontados numa única imagem. O que está em jogo não se entrega no que tem de visível, está no imaginário. Trafega entre e ínfimo e o imenso.

10 "sentímentros"




As pessoas podem reconhecer a paisagem próxima em que vive e com a qual se relaciona pela força do hábito; porém o mais próximo transforma-se no mais distante tão logo se trate de descrevê-lo com alguma fidelidade.
Como a arquitetura é uma das mais antigas entre as artes, sua relação com o observador tem sido sempre, em primeiro lugar, utilitária, devido à necessidade básica do homem de abrigar-se, e só secundariamente é contemplativa. Nosso contato com a arquitetura é pragmático, criando hábitos que liberam nossa atenção.
Neste trabalho procuro abordar como a arquitetura pode ser um espaço geométrico, construído de sólidos e vigas bem encaixadas onde a linha reta predomina. O objetivo é transcender esta geometria pela percepção.
Se para Lippard “é o espaço que atua sobre nós”, ao alterar sutilmente o rodapé, estarei alterando as superfícies estabelecidas e aceitas geometricamente. Esta mudança na percepção do espaço real é uma operação mental. A pequena alteração desestabilizará o ambiente, criando um espaço equívoco. Com esta experiência espacial o expectador coloca uma súbita dúvida sobre a certeza da geometria segura do ambiente.
Nesta instalação tenho a intenção de destacar a força metafísica da imagem, que tem a capacidade de perturbar e reduzir as noções de espacialidade do espectador sobre a arquitetura .