quinta-feira, 7 de junho de 2012

Mediato foi um trabalho de pesquisa, de consultoria, de parcerias...Obrigada Márcio Ladeira, da Talharte, por aceitar este desafio de  habilidade, com a máxiama seriedade.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Mediato

O que tem a função de mediação – é um mediato. Entendendo que o mediato é um termo que trata daquilo que está no meio de dois extremos, ou em um mesmo extremo, sendo aquilo que media ou medeia duas coisas.

(Dicionário de Bluteau, Raphael. “Vocabulario portuguez e latino”. Arquivo digital em: http://www.ieb.usp.br/)

Neste trabalho chamo a atenção para questões como a invisibilidade gerada pelo hábito da vida prática no cotidiano. Essa invisibilidade pode ser observada, por exemplo, em nossa relação com a arquitetura, ou seja, como cotidianamente deixamos de ver o espaço arquitetônico em que vivemos em função do uso que fazemos dele.

A relação da arquitetura com o observador tem sido sempre, em primeiro lugar, utilitária, devido à necessidade básica do homem de abrigar-se, e só secundariamente a percebemos como algo a ser contemplado. Desta maneira, nosso contato com a arquitetura é pragmático, criando hábitos que liberam nossa atenção, deixamos então, de perceber os detalhes do nosso entorno.

Esta questão da invisibilidade também foi abordada por Walter Benjamin em seu texto “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”. Nele o autor nos fala deste mundo de imagens, em que tudo se torna absolutamente próximo e revelado ao olhar e onde a “tatilidade” beira a cegueira, gerando uma incapacidade total para qualquer forma de distanciamento, possibilitando assim, uma completa imersão no objeto.

Levando em conta questões como a relação da arquitetura com o observador pelo viés da invisibilidade e cegueira abordadas por Walter Benjamin, meu interesse é interferir onde a protagonista é a arquitetura. Como é um espaço geométrico, construído de sólidos e vigas bem encaixadas onde a linha reta predomina e como um lugar, que por excelência, é de atenção flutuante do observador.

Esta mudança na percepção do espaço é uma operação mental, produzida pela ação sutil do trabalho no espaço. É preciso contar com o envolvimento de cada espectador para transformar o espaço interno da sala de exposição. O objetivo é gerar uma súbita dúvida sobre a certeza da geometria segura do ambiente e fazendo assim com que o observador se perceba dentro de um espaço equívoco e instáveil. O que interessa neste projeto é esta relação do espectador com o trabalho, afinal, será a sua experiência individual que, em última instância, fará acontecer esta mudança da percepção.

Com “mediato” o objetivo é perturbar e reduzir as noções de espacialidade do espectador sobre a arquitetura, exasperando a fronteira do seguro e do estável, criando uma zona de tensão e ambigüidade. Para que o trabalho acontecesse foi preciso buscar os recursos físicos e visuais que me possibilitassem transcender a geometria pela percepção, estabelecendo uma ligação entre o real e o irreal apenas com pequenas alterações de 10 centímetros nas linhas retas do ambiente expositivo, procurando confundir a superfície-limite. Por ser uma alteração pequena deveria ter muita potência visual para que se possa vivenciar a experiência de estar dentro de um trabalho de arte e fazer parte dele, não apenas como observador, mas como “percebedor” do mesmo pela experiência física e psíquica de desestabilização, desta maneira, todos os trabalhos projetados devem trafegar entre o ínfimo e o imenso.

Iriana Vezzani

Bolsa Produção 5: Mediato

Solar do Barão recebe novas exposições a partir de amanhã



1Publicado em 04/06/2012
Isadora Rupp
Performances, videoinstalações, ensaios fotográficos e até uma instala­­ção surpresa são técnicas que estarão presentes em 14 exposições, a partir da amanhã, em todo o complexo do Solar do Barão. As mostras são resul­­tado de um ano de trabalho de 15 artistas premiados na quinta edição do edital Bolsa Produção para Artes Visuais, do Fundo Municipal da Cultura.
As salas dos museus da Gravura e Fotografia vão trazer obras de André Rigatti, Cristina Piedade, Patrícia Tris­­tão, entre outros (veja a relação de todas as exposições no quadro abaixo). Para distribuir os trabalhos nos espaços com coerência, a coordenadora do Museu da Gravura e do Bolsa Produção, Ana González, procurou buscar obras que dialogassem entre si. “Estive o ano todo junto com os artis­­tas, o que ajudou na hora da montagem.”
Exposições do Bolsa Produção
Solar do Barão (R. Pres. Carlos Cavalcanti, 533), (41) 3322-1525. Inauguração amanhã (05/06), às 19 horas.
No entanto, por serem edifícios tombados, os artistas tiveram de pensar em propostas que não interferissem diretamente nas estruturas. “São prédios que demandam cuidados. Mas isso já é pensado desde a concepção do projeto, o artista tem consciência de que enfrentará algumas limitações”, explica Ana.
Os premiados no edital (que existe desde 2005) foram escolhidos por um júri de especialistas na área. O valor das bolsas destinadas também são diferentes: iniciantes recebem R$ 15 mil e artistas com trabalho já consolidado ganham R$ 24 mil.
Nos 12 meses em que cria­­ram suas obras, os trabalhos selecionados tiveram como interlocutores os curadores Arthur Freitas e Márcio Doctors (do Rio de Janeiro) e da artista plástica gaúcha Vera Chaves Barcellos. Segundo Ana, o apoio de terceiros foi uma troca de ideias. “Não houve interferência na técnica do artista, mas conversas que enriqueceram o universo de quem produziu.”

Artistas

Veja quais mostras serão inauguradas no Solar do Barão:

• André Rigatti e Fernando Burjato: Pinturas e instalações dos dois artistas. Rigatti já foi professor colaborador da Faculdade de Artes do Paraná e Burjato é mestre em Artes pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).
• A Memória da Matéria: Uma grande escultura instalada no pátio do Museu da Fotografia e uma instalação que utiliza inserções espaciais são os trabalhos de Juan Parada, que integra o coletivo de artistas Interluxartelivre.

• Errante: Madeira, espuma, microfone e som para se apropriar da sala fazem parte da instalação de Patrícia Tristão. Um conjunto de obras suas foi premiado no 1º Salão Nacional de Cerâmica da Casa Andrade Muricy, em 2008.

• Hoje, Só Emergências: A artista visual e jornalista Luana Navarro apresenta fotografias que discutem o jornalismo dito sensacionalista. Recebeu em 2010 o Prêmio de Fotografia Marc Ferrez.

• Indio.O.Gente: Videoinstalações de Daniel Chaves (Dach) mostram um personagem que aparece e desaparece, conforme seu corpo vai sendo “enterrado” por objetos, tijolos e coisas comuns do cotidiano urbano.

• in_permanências: Quatro pinturas em grandes formatos de Cristina Piedade.

• Lugar Algum: Cartografias Sobre a Ausência: O coreógrafo e performer Ângelo Luz, que foi aluno intercambista na SHBK Städelchule, em Frankfurt (Alemanha), traz uma instalação mesclando diversas técnicas.

• Mediato: Utilizando madeira e obra de carpintaria, Iriana Vezzani, que já foi premiada na 2ª Mostra de Artes Visuais da Universidade Tuiuti do Paraná, quer gerar no espectador uma redução das noções espaciais sobre arquitetura.


• Moventes: A artista Bernardete Amorim apresentará “estofados interativos”. Realizou exposições no Paraná, Santa Catarina e Brasília e trabalhou com cenografia no teatro.

• Noite: Ensaio fotográfico de Amanda Calluf, que reúne imagens em preto e branco de paisagens noturnas.

• Odradek: A artista plástica e performer Eliana Borges propõe uma reflexão sobre as relações entre diversas linguagens de arte com som, palavras, corpo e imagem.

• Terra Híbrida: Lídia Ueda realizou um projeto fotográfico que mostra as relações de um imigrante agricultor com o Brasil, país em que vive desde 1959.

• Topos: Formado pela Escola de Mú­­sica e Belas Artes do Paraná, o artista Rodrigo Dulcio preparou uma surpresa para sua instalação, que será revelada na abertura.

• Véspera: Performance de Thalita Sejanes, que une as ações de desenhar e tecer, usando uma técnica de tricô.




quarta-feira, 6 de outubro de 2010

TRANSFIGURAÇÃO - Possíveis Conexões II - MAC de 07/10/10 a 07/03/11






















TRANSFIGURAÇÃO




Correspondente na Praça General Osório esquina Comendador Araújo e Travessa Jesuino Marcondes




Fotografia, cera, ouro 24 quilates.60 cm de diâmetro



2010












Como toda verdadeira práxis humana, a arte se situa na esfera da ação, da transformação de uma matéria que deve ceder sua forma para adotar outra, neste projeto, não pretendo alterar a forma da matéria, apenas exteriorizar em uma superfície uma imagem que já está lá, num contexto espaço-temporal, devidamente congelada e sem visibilidade.



Durante a execução e pesquisa para outros trabalhos, uma questão sempre me chamou atenção: a estabilidade histórica das marcas deixadas pela canalização do esgoto desta cidade que cresce e muda.



A minha intenção é participar ativamente destas metamorfoses, deste espaço, que por excelência, se potencializa pela diversidade, densidade, especificidade e pela a razão comunicativa e enfatizar a relação entre a arte e o lugar.



O foco desta ação está na relação de aparência, valor e memória. Esta proposta é uma intervenção, em um contexto já estabelecido historicamente, na tampa do bueiro de esgoto, mais especificamente, segundo minhas pesquisas, o mais antigo e desgastado de 1904.



Esta única peça será trabalhada com cera e pó de ouro 24 quilates. Uma fotografia do tamanho original da tampa do bueiro, antes da intervenção, será fixada no chão do espaço expositivo. A tampa dourada ficará no local atuando como transgressora da ordem cromática da calçada. Uma ironia, um metal nobre como tampa de um continente de esgoto da urbe, além de sair dos cinzas urbanos é também um convite aos nômades urbanos a uma experiência estética improvável, no mapa desta cidade em processo.









Neste link dá para ver a notícia sobre a tampa de esgoto de 1904








Curitiba não foge a esta premissa e conta com movimento intenso nas regiões centrais da cidade. O subsolo destas regiões reflete a vida agitada e apresenta tubulações com as mais diversas finalidades como, por exemplo, atender as demandas de telefonia, gás, luz e televisões a cabo. Muito antes, porém, destas necessidades advindas de um desenvolvimento tecnológico sem precedentes, este subsolo foi escavado com o objetivo de se instalar tubulações destinadas a levar água aos domicílios dos curitibanos e coletar os esgotos por eles gerados. O lançamento da pedra fundamental do reservatório do alto São Francisco, em 1904, dá início ao saneamento de Curitiba. A sua inauguração, em 24 de agosto de 1908 caracteriza o início de operação, conseqüentemente do sistema de distribuição de água que conta com tubulações de ferro fundido cinzento desde então e que ainda mantém a sua integridade física.






segunda-feira, 3 de maio de 2010

ELEMENTO 2: experiências estéticas aos nômades urbanos.




A cidade ocidental, como afirma Sonia Schulz, tem se construído sobre um traçado em constante mutação. A instabilidade é simultaneamente causa e efeito das incessantes invenções de imagens no mundo, sempre expandindo, rompendo e redesenhando os limites da realidade (SCHULZ, 2008:10)
Vejo a cidade como uma figura estética aberta e dinâmica e parto uma segunda etapa com o ELEMENTO, na intenção é sair do espaço expositivo e invadir a cidade, participando ativamente destas metamorfoses, deste espaço, que por excelência, se potencializa pela diversidade, densidade, especificidade e pela a razão comunicativa. A intenção deste é enfatizar a relação entre a arte e o lugar. Serão intervenções do ELEMENTO, em contextos já estabelecidos, atuando como transgressor da ordem ao convidar os nômades urbanos a experiências estéticas me aproveitando dos encontros conflitantes entre os objetos arquitetônicos e os desenhos urbano. Quero interferir - no mapa desta cidade em processo - onde é possível criar espaços férteis para realizar (FOTO 05) discussões sobre o invisível e o visível, memória e sensação. Me interessa saber como a arte pode tornar-se produtiva na promoção de uma maior vivência coletiva e na construção de experiências significativas capazes de motivar o sentido de pertencimento do sujeito ao seu espaço e na sua relação com a sociedade.
SCHULZ, Sônia Hilf. Estéticas Urbanas: da pólis grega à metrópole contemporânea. Rio de Janeiro: LTC, 2008.





fOTO 06

fOTO 08







Foto 09






foto 10



















LOCAIS DA INTERFERÊNCIA (conforme for fixando o ELEMENTO, publicarei os endereços)

Fotos 01 e 02 - Esquina das ruas Dr.Roberto Barrozo e Dom Alberto Gonçalves
Fotos 03 e 04 - Esquina da Av. Des. Hugo Simas e Dr. Richard
Foto 05 e 06 - Santa Felicidade, na Via Vêneto esquina Marcos Mocelin
Fotos 07 e 08 - Dom Pedro II entre Dulcídio e Taunay
Fotos 09 e 10 - Des. Benvindo Valente esquina Domingos Nascimento.







sexta-feira, 29 de maio de 2009

http://www.ceart.udesc.br/nupeart/revista/arquivosnupeart/linksinteressantes.htm

Muito bom! UDESC sempre na frente!

sábado, 4 de abril de 2009

“Entreaberto”

Por Iriana Vezzani
Arquitetura é um espaço geométrico, construído de sólidos e vigas bem encaixadas onde a linha reta predomina. Este trabalho tem o objetivo de transcender esta geometria pela percepção, estabelecendo uma ligação entre o real e o irreal. Fazer uma fusão dos contrários, não obedecendo à dialética elementar do conteúdo e do continente.
Ao cobrir um roteiro nos rodapés das salas do MAC, com espelho estarei expandindo, para além das superfícies estabelecidas geometricamente, o espaço interior determinado e o espaço exterior. Ao refletir infinitamente o chão, pelos espelhos, o espaço interior cresce e se projeta para o exterior. Esta mudança na percepção do espaço real é uma operação mental. O espelho gera uma imagem que confunde a superfície-limite. Esta experiência do expectador coloca uma súbita dúvida sobre a certeza do interior e sobre a nitidez do exterior. O espelho cria um espaço equívoco, sem pátria geométrica.
Com esta instalação tenho a intenção de destacar a força metafísica da imagem, que tem a capacidade de perturbar e reduzir as noções de espacialidade do espectador sobre a arquitetura exasperando a fronteira do interior e do exterior.
Mesmo sendo instalada em apenas 15 cm, já aceitos por todos, previamente, como o “rodapé da instituição”, um espelho neste pequeno espaço, na base do campo visual, abrirá um espaço ilimitado.
Ao espelhar o rodapé ele passa a categoria de objeto e imediatamente somos impedidos de definir sua forma, seus detalhes, pois o que se verá será um complexo de informações visuais, um desdobramento inquietante dado pelo retorno da imagem refletida, provocando uma espécie de abertura, pois o mesmo espelho que nos afasta nos convida a fazer parte da composição da imagem/obra. Este trabalho condena a imagem a permanecer na base do espaço, numa zona de tensão e ambigüidade.
A instalação, ao perturbar a percepção real do espectador criará novas passagens, entradas e saídas. Nesta geometria flutuante será possível vivenciar a vertigem de espaço entreaberto, possibilidades de fuga e vazamentos, criando novas relações com o espaço expositivo. Quando trabalho no rodapé, com a imagem espelhada do próprio espaço expositivo, trabalho com uma realidade alterada somada a uma cena do real, na qual os limites entre o real e o virtual são confrontados numa única imagem. O que está em jogo não se entrega no que tem de visível, está no imaginário. Trafega entre e ínfimo e o imenso.